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Queiramos ou não a "roda da fortuna" nos joga aos altos e baixos da existência. Estamos todos sujeitos a imprevisibilidade da natureza, quer da natureza que rege o universo ou da natureza humana. Buscamos, dentro da aleatoriedade, estabelecer uma probabilidade de ordenamento que, como as previsões do tempo, não passa de uma expectativa. Mudanças drásticas, a qualquer momento, podem alterar o presente e definir o futuro, independentemente da vontade humana. É certo que a vida não segue a linha linear que tendemos a traçar.
Em 2019 a "roda da fortuna" trouxe transformações ambientais e políticas que impactaram fortemente em nossas vidas, como, por exemplo, a tragédia de Brumadinho, os incêndios na Amazônia e Austrália, a instabilidade na Europa com o impasse do Brexit e o movimento separatista Catalão na Espanha e os reflexos da eleição de Bolsonaro.
Por tudo isso, esperamos com grande expectativa a chegada do ano de 2020.
Então a "roda da fortuna" girou e o ano de 2019 foi esquecido, pois a dramaticidade do novo ano foi brutalmente maior com o surgimento da pandemia, o mundo ficou em pânico. Ninguém havia previsto a pandemia com a força e letalidade que veio, nem se imaginava a celeridade com que se alastraria. Também não estávamos conscientes de que a ameaça se prolongasse por tanto tempo.
O ano de 2020 é um marco que dividirá a história da humanidade. Haverá sempre referências ao antes ou depois de 2020. A vida humana no planeta está mudando, criando novas regras sanitárias e, por decorrência, alterações nas formas e relações de trabalho e convivência (inclusive familiar).
A desigualdade entre os homens mostra sua face brutal. O mundo começa a ficar dividido. De um lado, os que podem se precaver da contaminação do Covid-19 ou, se contaminados, conseguir atendimento médico capaz de reduzir os riscos da contaminação; de outro lado, a imensa maioria que não tem condições de atender as medidas sanitárias recomendáveis, nem manter isolamento porque suas habitações são impróprias para tal, além do fato de que precisam ir à luta para ter o que comer.
O risco é de todos, mas para a maioria é quase impossível evita-lo. Todos dependemos da vacina, mas a "roda da fortuna" parece desfavorável, quando vemos autoridades considerarem a grande massa humana como animais de sacrifício, que devem enfrentar o vírus com destemor irracional. A questão parece resumida em produzir ou não produzir, em fazer a economia andar ou parar, mas não é esta a questão.
O correto seria dar condições aos que buscam da sobrevivência para que o façam com minimização de riscos. A vacina para todos é questão de humanidade. Vacinar-se também é exigência de bom senso e bom caráter.
É preciso, apesar de tudo, manter a esperança de que a roda da fortuna nos traga dias melhores.